segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O papa agraciado com o milagre


"Em 23 de dezembro, Leão prestou o juramento de purificação relativo às acusações que lhe foram impostas, e seus adversários foram exilados.
Dois dias depois, durante a missa da noite de Natal, Leão III coroou Carlos Magno imperador e "augusto" do Sacro Império Romano. O círculo se fechava: por um lado, o papa cortava qualquer relação com o Império Bizantino (que considerava Roma sua extensão) e criava para si um imperador sob medida, com quem seria muito mais fácil se entender e de quem seria ainda mais fácil obter ajuda. Por outro lado, Carlos se tornava o verdadeiro chefe da cristandade no Ocidente e via formalmente legitimado e justificado o poder que já detinha de fato. Carlos (como Constantino antes dele) entendeu perfeitamente a formidável função agregadora e de instrumento de domínio espiritual que o cristianismo tinha em uma Europa ainda desunida e com as fronteiras ainda ameaçadas pelas populações "bárbaras" pagãs. Por essa razão, antes de ser coroado imperador, adotara uma política decisiva de cristianização dos povos a ele submetidos.
"Em seus cabeçalhos, se intitulava 'por graças de Deus e por concessão de sua misericórdia, rei e reitor do reino dos francos e devoto defensor e humilde servo da Santa Igreja, mas não nos deixemos enganar por seu tom.
A ajuda que o rei dava à Igreja consistia em nomear os bispos e abades, em vigiar severamente seu comportamento e reuni-los em concilio quando julgasse oportuno, determinando pessoalmente a ordem do dia e promulgando as conclusões; todas as responsabilidades que acostumamos a ver ligadas ao papa." (Barbero, 2000, p. 107.)"

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